Dona Matilde
é a minha vizinha do 86. Viúva do Coronel Peixoto, ela se viu muito sozinha sem
ele. Sentiu uma profunda dor no peito, que depois foi para o cotovelo direito,
desceu para o pé esquerdo, subiu para as partes e não parou mais de andar.
Duas vezes por semana, Dona
Matilde vai a um especialista. Chega horas antes da consulta marcada. Lê todas
as revistas do consultório, toma vários cafezinhos, puxa conversa com quem
chega e não admite ser passada na frente de ninguém.
Quem vê aquela senhora tão
elegante, tão bem arrumada, perfumada e saltitante logo imagina que o seu
tratamento vai indo muito bem. O detalhe é que ela jamais entrou numa consulta.
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