quarta-feira, 16 de julho de 2014

O BICHO COMEDOR DE IDEIAS
Marcio Reiff

Era uma vez um menino que tinha muitas ideias.
O dia inteiro ele ficava tendo ideias.  
Tinha ideia de desenhar um tubarão voador. Ideia de transformar o espremedor de batatas num satélite espacial, idea de cortar uma garrafa de coca e fazer um castelo Enfim, ideia era o que não faltava naquele menino.
Um dia o menino percebeu que suas ideias começaram a desaparecer da sua cabeça. Ele pensava em algo legal e logo em seguida a ideia desaparecia.
Aí ele resolveu ficar bem quietinho, sentado, vigiando pra ver se alguém vinha pegar as suas ideias. Mas ninguém veio.
Como estava sem fazer nada, acabou tendo uma ideia de como pegar o ladrão de ideias. Mas logo  Mas essa ideia também desapareceu.
Então o  menino teve a ideia de colocar pedras de gelo na cabeça, para que as suas ideias não derretessem. E teve também a ideia de usar um boné, pra que as ideias não voassem.
Foi jogando packman que o menino desvendou o mistério: devia haver um bicho comedor de ideias dentro da sua cabeça. Um bicho muito, mas muito guloso. Um bicho capaz de comer todas as ideias que encontrasse pela frente.
E quanto mais o bicho crescia, maior ficava a sua boca, e mais ideias ele podia comer.
O menino teve muitas ideias para exterminar o bicho. Mas todas as ideias iam direitinho pra boca do bicho, que ficava cada vez maior. 
De tanto comer ideias, o bicho foi ficando muito gordo,  tão gordo que mal cabia dentro da cabeça do menino.
E continuou crescendo, espremendo-se naquela cabecinha... até que... explodiu!

Todas as ideias que estavam na barriga do bicho voltaram para a cabeça do menino. Aí ele ficou com um mundaréu de ideias  e nunca mais se preocupou com o sumiço de algumas.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Cada coisa tem sua pequena poesia. Essa poesia está disponível a qualquer um que queira encontrá-la. Serão tantos poemas quantos forem os olhares. E tantos olhares quantos forem os segundos. 
O cronista é um cara que é pago para olhar. A função dele é olhar para as coisas que ninguém vê. O que para outros é vagabundagem, para o cronista é trabalho. 
O cronista pode se sentar num banco de praça ou parar para tomar um café sem parar de trabalhar, muito pelo contrário. 
O cronista tem que dar algum significado às coisas, para que as pessoas também se inspirem a dar o seu.