Dona Matilde é a minha vizinha no prédio.
Viúva do seu Peixoto, ela sentiu muito a sua morte. Primeiro foi uma dor
no peito, que foi para o cotovelo direito, desceu para o pé esquerdo, subiu
para as partes e não parou mais de andar.
Duas vezes por semana, Dona Matilde vai a um especialista.
Ela chega horas antes da consulta , lê todas as revistas do consultório,
toma vários cafezinhos, puxa conversa com quem chega e não admite ser passada
na frente de ninguém.
Quem vê aquela senhora tão elegante, tão bem arrumada, perfumada e
saltitante logo imagina que o seu tratamento vai indo muito bem.
O detalhe é que ela jamais entrou numa consulta.
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